Laboratório Sangue Bom quer crescer com exames por a partir de R$ 5

Filipe Oliveira
Bárbara Lucena, sócia do Sangue Bom
Bárbara Lucena, sócia do Sangue Bom

A biomédica Bárbara Lucena, 32, e seu sócio, o médico italiano Marco Collovati, 47, querem espalhar laboratórios para a realização de exames médicos a preços populares pelo país.

Eles são sócios da empresa carioca Sangue Bom, que faz exames por preços a partir de R$ 5 (valor cobrado pela empresa para um teste de glicemia, por exemplo) .

A companhia foi aberta há um ano e hoje possui seis unidades: duas clínicas próprias no Rio de Janeiro, um posto de atendimento em clínica de terceiro na mesma cidade e outras três unidades anexas a hospitais na Bahia.

A empresa se insere no segmento dos negócios sociais, aqueles que, sem deixar de ter o lucro como objetivo, oferecem alternativas para problemas enfrentados pela população de baixa renda.

No caso, Lucena busca oferecer algo cômodo e com preço atraente para quem não tem um plano de saúde e busca um atendimento mais rápido do que o oferecido pelo sistema público, diz.

Ela conta que grande parte dos pacientes que fazem exames em seu laboratório recebem o resultado em até três horas.

Isso é possível por uma questão logística. Enquanto a maior parte dos laboratórios envia as amostras recolhidas para um grande centro de análises que atende a várias unidades, em local onde o custo do aluguel é mais baixo, os laboratórios de Lucena fazem a maioria das análises no próprio local, explica.

E como ser lucrativo mantendo o preço baixo? Lucena afirma que, na prática, o valor que ela cobra é muito parecido com o que os laboratórios que atendem a clientes de planos de saúde recebem a cada exame realizado para paciente conveniado. O que ela faz de diferente é oferecer esse mesmo valor baixo para todos.

O tíquete médio dos pacientes que fazem exames no laboratório é de R$ 28.

MAIS SERVIÇOS

Lucena conta que, no início, os sócios da empresa achavam que ter apenas um laboratório que oferecia exames que não exigem prescrição médica era suficiente.

Porém logo perceberam que, para conseguir chegar ao seu público, era preciso oferecer mais. Hoje, as unidades da empresa possuem clínico geral que faz atendimentos a R$ 90.

A empresa também deve incluir farmácias em suas unidades. A ideia é aproveitar que o resultado do exame sai rapidamente e já oferecer ao paciente o medicamento que ele precisa.

“Quanto mais cedo se faz o diagnóstico, se evita o uso de remédio errado ou de modo indiscriminado”, diz Lucena.

Os laboratórios da empresa possuem área de 80 metros quadrados. As farmácias devem ocupar mais 30 metros quadrados adicionais.

CRESCIMENTO

A Sangue Bom busca investidores para acelerar seu crescimento.

“A gente tem uma proposta que acho muito legal para a saúde da população. Mas quando ligo a televisão vejo nos jornais que as pessoas sofrem por não conseguir médico. Preciso que todos saibam que eu existo. Se, para isso, eu tiver de montar um milhão de unidades por todo Brasil, vamos fazer.”

Uma das ideias de Lucena para acelerar a expansão é passar a operar no sistema de franquias, para que outros profissionais da saúde cuidem de laboratórios da marca em outras cidades.

Como parte dessa corrida para ganhar escala, o Sangue Bom foi aprovado neste mês na aceleradora de empresas Artemisia, especializada em apoiar novas empresas com modelos de negócios que geram impacto social positivo.

FAST FOOD

A crise econômica brasileira abriu ainda mais espaço para a atuação do Sangue Bom, já que muitas pessoas que não eram o público original do laboratório perderam empregos e planos de saúde.

Percebendo que não era apenas a classe baixa que buscava seu serviço, Lucena e
Collovati criaram uma segunda marca para a empresa, a
Liv.

Por essa segunda bandeira, os sócios oferecem exames em casa. Daqui a dois meses, deverão ter seu posto de atendimento que, NA prática, fará os mesmos serviços do outro laboratório, mas se apresentando com um nome menos popular do que o Sangue Bom (inspirado em gíria comum no Rio de Janeiro).

INÍCIO

O médico Marco Collovati
O médico Marco Collovati

A ideia para a Sangue Bom veio de Collovati. que já era sócio de uma indústria que produz insumos usados em testes para a identificação de doenças, entre elas a Hanseníase , a Tuberculose e a Aids, conta Lucena.

A iniciativa de criar um laboratório surgiu quando ele teve a vontade de começar a atender diretamente o público, em vez de só vender para outros laboratórios.

Lucena, com 13 anos de experiência nesse mercado, foi chamada para prestar uma consultoria e e ajudar a estruturar o Sangue Bom. Ao final do processo, Collovati lhe ofereceu participação na sociedade.

Foram investidos R$ 3 milhões no início do projeto.