Escola prepara profissionais para trabalhar em start-ups

Filipe Oliveira

A escola Gama Academy, que teve seu primeiro curso nos meses de maio e junho deste ano em Belo Horizonte, quer aumentar o número de profissionais preparados a trabalhar em start-ups.

Ela teve sua primeira turma em Belo Horizonte nos meses de maio e junho deste ano. Durante cinco semanas, os estudantes tiveram aulas com profissionais de empresas do setor e aplicaram teorias usadas para o desenvolvimento desse tipo de empresas em projetos.

Na lista de conteúdos estão, por exemplo, o modelo de negócios Canvas (uso de painel para descrição dos pontos mais importantes do negócio) ou metodologias para desenvolvimento de empresas como Start-Up Enxuta e Efetuação.

A escola oferece quatro especializações: desenvolvimento de software, design, marketing e vendas.

Alunos da primeira turma da Gama Academy, em Belo Horizonte
Alunos da primeira turma da Gama Academy, em Belo Horizonte

Porém o curso não promete criar especialistas nessas áreas de uma hora para outra. É esperado que os alunos já tenham conhecimento prévio e, nas aulas, tomem conhecimento de abordagens usadas por start-ups.

Os conteúdos técnicos ficam reservados para os sábados (o curso também acontece durante duas noites da semana).

Eles não são o principal foco da Gama Academy, segundo seu fundador, Guilherme Junqueira, 27. As habilidades mais trabalhadas são comportamentais. Entre elas estão a capacidade de aprender rapidamente e pensar com uma mentalidade de empreendedor.

Para o aluno, o curso é gratuito. As aulas vêm sendo patrocinadas por 40 start-ups. Dependendo do nível de contribuição dado pela empresa, ela tem prioridade para escolher os melhores profissionais formados pela escola.

Guilherme Junqueira, 27, fundador da Gama Academy
Guilherme Junqueira, 27, fundador da Gama Academy

GARGALO

Junqueira faz parte da diretoria da ABStartups (Associação de start-ups) há cinco anos (atualmente é vice-presidente).

Ele conta que, do contato com empreendedores, percebeu que contratar pessoas preparadas para trabalhar em start-ups era o maior desafio dessas empresas depois que conseguiam um investidor que as apoiasse.

Segundo ele, as universidades não oferecem conteúdo que prepare profissionais para serem empreendedores ou para que trabalhem em companhias inovadoras.

“Hoje, o problema não é achar essas pessoas talentosas. A questão é que muitas delas precisam de uma capacitação mínima para atuar nesse ambiente. Trabalhar em start-up ou em um banco são coisas totalmente diferentes.”

Pesquisa da Gama Academy com 149 start-ups identificou 1016 vagas em aberto nessas companhias. A maior parte delas  (46,26%) é para programadores).

A escola deverá ter sua primeira turma em São Paulo no mês de setembro. As inscrições estão abertas no site da escola. Ainda não há uma definição sobre quantos alunos participarão da edição paulistana do curso.

RECOLOCAÇÃO

O desenvolvedor de software Geidivan Brito, 30, conta que, após carreira em grandes empresas, ficou desempregado no final de 2015.

Interessou-se pelo curso da Gama por acreditar que o trabalho em start-ups poderia ser uma oportunidade de recolocação.

Depois de formado no mês passado, teve seu primeiro dia de trabalho na última quarta-feira (20). Agora ele é funcionário da empresa mineira Samba Tech, de tecnologia para transmissão de vídeos.

“Deixei de acreditar em muitos mitos. A gente vê histórias do Google e outras empresas de referência e vê aquele ambiente de puffs, sala de jogos, tudo colorido. Mas, na verdade, a intensidade do trabalho nessas empresas é muito grande.”

Ele se diz empolgado com a nova carreira.

“Em dois dias de trabalho já senti que tudo é totalmente diferente. Eles dão uma grande liberdade e autonomia. não há burocracia. Mas a demanda de trabalho vai ser bem maior também”, diz.