Empreendedores imprimem quadros em 3D para pessoas com deficiência visual

Filipe Oliveira
Escultura da Mona Lisa feita em impressora 3D pela empresa Tato (divulgação)
Escultura da Mona Lisa feita em impressora 3D pela empresa Tato (divulgação)

Uma start-up misturou arte, tecnologia e inclusão para, se não solucionar o mistério de séculos no qual o sorriso da Mona Lisa está envolto, ao menos deixá-lo palpável para todos, especialmente quem não o enxerga.

Para tornar esse e, futuramente, outros quadros acessíveis, a partir de versões que permitem o toque, a empresa Tato usa impressora 3D e softwares para a criação de esculturas digitais.

As obras são impressas em polímeros como o plástico PLA (biodegradável, usado na reprodução da Mona Lisa).

O artista plástico Marcelo Pasqua, 28, um dos quatro sócios da empresa, diz que seu interesse pela arte o levou a pensar na importância da visão para seu ofício e em como tornar obras clássicas e importantes para a educação disponíveis para quem não enxerga.

Para recriar as obras, é preciso colocar quadro e computador lado a lado e reproduzí-lo em mínimos detalhes, só que tridimensionalmente, explica Pasqua. A Mona Lisa levou 10 dias de trabalho, com dedicação de 12 horas diárias.

A ideia para o projeto surgiu há três anos, de conversas com dois amigos de Pasqua designers (Guilherme Rácz e Lucas Casão), que mais tarde se uniram ao projeto. Porém ela acabou não indo adiante naquele momento.

No meio deste ano, Pasqua retomou o projeto e trouxe para a equipe um especialista em tecnologia e amigo de colégio, Rafael Arevalo, 29. A missão dele é incluir recursos baseados em sensores que permitam oferecer audiodescrição para guiar a apreciação das obras.

O plano é que, quando uma pessoa se aproximar da Mona Lisa, por exemplo, uma voz, que se apresentaria como Leonardo da Vinci, contasse a história da peça. Quando o observador colocasse a mão no sorriso dela, ele falaria algo sobre ele. Caso as mãos de quem examina o quadro se dirijam para outra parte da obra, ele poderia explicar a técnica usada no quadro, diz Arevalo.

Para se dedicar inteiramente ao projeto, Pasqua deixou trabalho em produtora na qual fazia efeitos especiais para telenovelas há três semanas. Poucos dias depois, estava expondo sua Mona Lisa em evento de aniversário do Cubo, prédio em São Paulo criado pelo banco Itaú e que abriga start-ups e eventos de empreendedorismo.

 

Marcelo Pasqua (a dir.) e Rafael Arevalo, sócios da empresa Tato (divulgação)
Marcelo Pasqua (a dir.) e Rafael Arevalo, sócios da empresa Tato (divulgação)

NEGÓCIOS

Para o futuro, a ideia dos sócios da Tato é desenvolver ao menos 10 esculturas baseadas em pinturas clássicas e criar um museu itinerante.

Também avaliam a possibilidade de prestar serviços para museu sob demanda. “Se a Pinacoteca tiver uma exposição sobre Picasso, porque não poderíamos torná-la acessível para todos?”, diz Pasqua.

A empresa foi aprovada em edital da lei Rouanet para uma captação de R$ 550 mil. Porém os sócios da empresa afirmam que a falta de contatos com grandes empresas dificultam a obtenção dos recursos junto a patrocinadores, que se beneficiariam da renúncia fiscal oferecida pela lei. caso apoiassem o projeto.

Como alternativa, eles dizem também ter interesse em conseguir apoio de investidores-anjo ou outras fontes de financiamento.

LEITOR

Quer saber mais sobre empreendedorismo? Curta o blog no Facebook clicando aqui.