Empreendedora faz campanha de financiamento coletivo para produzir cão-guia robô

Filipe Oliveira
Neide Sellin, 36, e seu robô Lysa para guiar pessoas com deficiência visual (divulgação)
Neide Sellin, 36, e seu robô Lysa, que guia pessoas com deficiência visual (divulgação)

Um projeto para criar um cão-guia robô que começou em escola pública da cidade de Serra (ES) busca recursos via financiamento coletivo para chegar ao mercado.

Neide Sellin, 36, conta que a ideia surgiu em curso de informática e robótica que ela dava em 2011.

O projeto envolveu mais de 100 alunos e ficou em sala de aula durante 4 anos, nos quais ela e o grupo fizeram testes de ideias com cegos e aprenderam sobre os desafios que a falta de visão impõe para a locomoção.

Aos poucos, o envolvimento de Sellin com o projeto e com as pessoas com deficiência foi aumentando e ela decidiu tentar tornar a ideia realidade. Deixou a escola em 2014 para criar a start-up Vixsystem e chamou o projeto de Lysa.

“Depois de apresentar para grupos de cegos, eles ficaram muito interessados e passaram a me cobrar que o equipamento estivesse realmente disponível. Carreguei comigo uma responsabilidade pelo projeto, continuei avançando com ele em casa, inicialmente de maneira artesanal.”

Ela diz que o robô poderia eliminar muitas barreiras que existem na obtenção de um cão-guia no Brasil, entre elas o custo para se conseguir um desses animais, as despesas para mantê-lo e o tempo de atividade limitado que eles podem desempenhar antes de  “se aposentar”.

FUNCIONAMENTO

Os guias desenvolvidos por Sellin, apesar de chamados de cães, atualmente tem o formato de uma caixa, com uma alça para ser segurada por quem é conduzido, lembrando o formato de uma mala com carrinho.

Com rodas, eles são movidos por dois motores e acionados por botões que ficam ao alcance da mão do usuário ou por comandos de voz direcionados a um aplicativo de celular.

Sellin explica que os robôs usam cinco sensores para identificar obstáculos no chão e, principalmente, os que causam risco à parte superior do corpo do cego, que não são encontrados por bengalas durante a caminhada (um orelhão, por exemplo).

Quando percebe um obstáculo, o robô dá orientações sonoras e puxa quem ele está conduzindo da mesma forma que um cão-guia, para evitar que a pessoa se machuque, explica a empreendedora.

Selin conta que o protótipo criado pela empresa a partir de impressoras 3D já foi testado por mais de 50 cegos. No momento, o objetivo da empresa é colher comentários e aperfeiçoar o produto.

Uma das ideias dela é implementar tecnologias de GPS no aparelho, para que a pessoa com deficiência possa dizer para onde quer ir e o robô a leve.

O design também deve ser revisto, mas Selin ainda não tem uma definição sobre qual a melhor alternativa para a aparência da Lysa:

“Muitas pessoas pedem para desenvolvermos um robô que pareça um cachorro, outras que não se pareça, para não assustar crianças. Vamos melhorar isso, o mais importante é que as pessoas que vejam a Lysa entendam qual sua função.”

A companhia possui uma lista de espera com 450 interessados no produto.

FINANCIAMENTO

Atualmente a empresa conta com bolsas do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) para manter uma equipe com oito pesquisadores, incluindo estudantes de graduação e pós-graduação.

Agora, Sellin busca R$ 100 mil a partir de campanha de financiamento coletivo no site Kickante. O objetivo é usar os recursos para desenvolver 10 unidades da Lysa, que serão preferencialmente doadas.

As contribuições podem ser de R$ 10 a R$ 10.000 (o segundo valor dá direito a uma unidade do robõ). São feitas pelo link https://www.kickante.com.br/campanhas/cao-guia-robo..

A companhia solicitou o patenteamento de sua ideia no Brasil em 2014. Selin conta que estuda se é possível fazer o mesmo em outros países.

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