Com aluguel de máquinas entre proprietários, start-up leva economia compartilhada ao campo

Filipe Oliveira

A onda da economia compartilhada, baseada na troca da posse dos bens pelo acesso a eles a partir das conexões geradas pela internet, pode atingir fazendas Brasil afora.

Antonio Melillo, fundador da start-up Agrishare, se inspirou em companhias como Uber e Airbnb para promover o aluguel de máquinas agrícolas entre proprietários rurais.

 

Colheitadeira de soja oferecida na plataforma da Agrishare (divulgação)

A companhia possui site em que produtores rurais podem alugar ou anunciar colheitadeiras, tratores e pulverizadores.

Nele, o interessado no aluguel informa qual sua cidade, que máquina precisa e qual a cultura que está colhendo ou plantando. A seguir, é informado sobre quais equipamentos estão disponíveis e, caso tenha interesse, consegue enviar uma solicitação on-line para negociar valor do aluguel com seu dono.

Além de enviar as máquinas, quem empresta também disponibiliza prestadores de serviço para realizar os trabalhos na área de quem solicitou o empréstimo.

A visão do empreendedor é de que o alto custo dos equipamentos do setor, —muitas vezes na casa dos milhões de reais— torna o investimento em sua compra e renovação inviável para a maioria dos produtores.

Isso porque o ganho de produtividade que as máquinas trariam para a propriedade não seriam suficientes para compensar o gasto para comprá-las.

Antonio Melillo (a esq.)e Paulo Corigliano, sócios da Agrishare (divulgação)

 

“Existe um grande mercado de mecanização de produção agrícola muito deficiente no Brasil. Faltam máquinas e as nossas são muito antigas”, diz.

Por outro lado, é comum que, após um período de uso intenso, durante uma plantação ou colheita, por exemplo, as máquinas de muitos produtores fiquem paradas por meses, até a safra seguinte. Emprestá-las seria uma forma de amortizar o valor investido nelas ou obter um ganho extra.

Já existe um mercado de aluguel de máquinas agrícolas, muitas vezes dependente de intermediários que atuam regionalmente, oferecendo equipamentos em troca de comissão por negócio fechado, diz Melillo.

Seu negócio, que vem sendo desenvolvido desde agosto do ano passado e está no ar desde o início do ano, vem com a promessa de profissionalizar esse mercado e permitir o empréstimo de máquinas para regiões mais distantes.

A companhia passou seus primeiros meses apenas cadastrando equipamentos. Começou a fazer negociações em janeiro, após receber injeção de recursos do grupo de investimentos Synoro —o valor não foi informado.

Atualmente são cerca de 600 máquinas cadastradas no serviço, diz Melillo.

O preço para aluguel dos equipamentos varia conforme a distância percorrida e a quantidade de hectares nos quais eles serão usados.

No caso de uma máquina que vai do Rio Grande do Sul para o Mato Grosso, o custo para o envio e retorno do equipamento gira em torno de R$ 20 mil, diz Melillo.

O sócio da empresa afirma que o preço do frete é um dos principais desafios para sua start-up e que buscará parcerias com transportadoras para que clientes consigam valores menores.

A Agrishare ganha comissão de R$ 10 por hectare que cada máquina emprestada em sua plataforma  trabalha. O teto para cobrança é de R$ 6.000.

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