Fim dos boletos sem registro aumentará custos para lojas virtuais e exigirá negociação com bancos

Filipe Oliveira

Para lidar com o fim dos boletos de pagamento sem registro, que acontecerá gradualmente até o final do ano, empresas devem pesquisar e negociar com bancos para encontrar pacotes de serviços que permitam a elas evitar parte do aumento de seus custos provocado pela mudança.

A obrigatoriedade de todos os boletos serem registrados, contendo informações como nome e CPF de quem fará o pagamento, por exemplo, é resultado da implantação de uma nova plataforma para processar pagamento desenvolvida pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos), seguindo resoluções do Banco Central.

A plataforma tem como objetivo reduzir as fraudes que usam o boleto como veículo —por exemplo, casos em que um boleto é adulterado sem o consumidor perceber, fazendo ele enviar o pagamento para o autor do golpe.

A dificuldade imposta pela mudança ao comércio virtual decorre do fato de cerca de 50% dos boletos emitidos na internet não serem pagos, Segundo a ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico).

Se a alta taxa de desistência não trazia problemas quando os boletos não eram registrados e, em geral, não tinham custo, agora ela irá onerar às empresas, diz Mauricio Salvador, presidente da associação.

“Antes, você só pagava pelo boleto se ele fosse compensado. Se alguém emitisse 10 boletos e não pagasse nenhum, o custo seria zero.”

Salvador estima que 20% das vendas on-line sejam pagas via boleto. Segundo ele, o fim da modalidade sem registro fará com que lojistas deem menos descontos a consumidores que optem por ele em vez  do cartão de crédito, o que é comum no setor.

O preço para emissão dos boletos dependerá de negociação entre a loja e o banco que presta serviço a ela, diz Pedro Guasti, presidente do Conselho de comércio eletrônico da FecomercioSP e da consultoria Ebit.

Sendo assim, vale o empresário pesquisar a melhor opção e negociar antes de fechar contratos:

“Cada banco vai oferecer um pacote para cada empresa, dependendo de seu perfil, porte, se ela tem outros produtos bancários na instituição.”

Outra opção é buscar métodos alternativos de pagamento, diz Luiz Antonio Sacco, diretor-geral para a América Latina da empresa de pagamentos SafetyPay.

A companhia desenvolve serviços para pagamentos on-line via transferência bancária ou em lotéricas, a partir de convênio firmado entre elas e a empresa.

Na avaliação de Guasti, apesar do aumento de cutos, o ganho em segurança para o setor trazido pelo fim do boleto sem registro é positivo.

MUDANÇAS

A nova plataforma de pagamentos busca reduzir o número de fraudes em boletos. Para isso, define que cada boleto emitido deve possuir uma cópia digital idêntica em plataforma virtual.

Quando uma ordem de  pagamento é recebida por um banco, o sistema dele checa se todos os dados presentes no boleto que se quer pagar correspondem ao da cópia presente na Nova Plataforma antes de fazer a compensação.

O sistema começou a ser implantado em 10 de julho, para pagamentos de R$ 50 mil ou mais. Será ampliado em etapas, até abarcar todos os pagamentos a partir de 11 de dezembro.

LEIA MAIS

Saiba mais sobre empreendedorismo na página do blog no Facebook aqui.