Startup de educação brasileira investe em empresa do Vale do Silício

Filipe Oliveira

A empresa de São José dos Campos (SP) Quero Educação inverteu a direção em que flui o dinheiro no mercado de startups e investiu na Lambda School, uma companhia nascente do “Vale do Silício” (principal centro de negócios de tecnologia  dos EUA).

O valor do negócio não foi informado, mas o Queroeducação faz investimentos na faixa entre R$ 50 mil e R$ 500 mil. A companhia assume participação minoritária nas empresas nas quais aposta.

A brasileira, criada em 2010, tem serviço no qual faculdades particulares disponibilizam vagas ociosas com desconto a partir de seu portal na internet.

No ano passado, faturou R$ 50 milhões e deu descontos para 150 mil alunos, diz seu fundador, Bernardo de Pádua.

A investida, a Lambda School, oferece cursos na área de tecnologia da informação.

A originalidade de seu modelo é que a startup não cobra nada do aluno durante o curso. O retorno vem no futuro: caso ele atinja salário de US$ 50 mil anuais, a empresa fica com 20% dele por dois anos.

 

Bernardo de Pádua, sócio da empresa Quero Educação (divulgação)

Esse é o quarto investimento do Quero educação em startups —as apostas anteriores foram feitas em companhias brasileiras, também ligadas à educação.

Bernardo conta que conheceu a empresa em apresentação de novos negócios promovida pela Y Combinator, uma das principais aceleradoras de novas empresas do mundo. Por ela passaram companhias como Airbnb e Dropbox.

A Quero Educação foi acelerada pela Y Combinator em 2016 e recebeu mais investimentos da organização no ano passado.

DINHEIRO EM CAIXA

O movimento de buscar companhias mais novas para investir é raro entre startups brasileiras. O caso mais emblemático é o da Movile, companhia que cresceu oferecendo serviços ligados a SMS e investiu em negócios como iFood (delivery por app) e Sympla (de ingressos e criação de eventos) para fazer sua transição para a era dos smartphones.

Bernardo diz que a Quero educação faz esse tipo de aposta por ter se tornado lucrativa: “A maioria das startups queimam caixa, a gente gera.”

Na hora de escolher onde colocar o dinheiro, Bernardo diz buscar negócios que tenham complementariedade ao seu. “Temos um cadastro de 40 milhões de alunos ativos. Queremos aprender a vender outras coisas para eles”, diz.

Ele diz acreditar que será possível adaptar o modelo de negócios da Lambda para o mercado brasileiro no futuro.

Bernardo conta  estar negociando outros quatro investimentos em startups, um deles em empresa de fora do Brasil.