Startup que tira dúvidas sobre saúde na África acumula mais de 1 milhão de interações

Sete meses depois de seu lançamento, a startup Dr Wilson, que usa chat baseado em inteligência artificial para conversar e tirar dúvidas sobre saúde,  já recebeu mais de 1,2 milhão de interações, a maior parte na África.

O sistema vem sendo usado em locais onde se fala português, como Moçambique, cabo Verde e Angola.

Ainda em junho, deve chegar no Haiti, o que exigiu uma adaptação do sistema para funcionar também na língua créole, , conta Mario Mendes, empresário do setor de telecomunicações responsável pela iniciativa.

O Dr Wilson conversa com usuários a partir de site responsivo capaz de se adaptar a smartphones) ou em plataformas como Facebook, Twitter e Google Assistant.

Sua meta é levar informações sobre doenças típicas de regiões vulneráveis, como Cólera, Malária, Aids ou Dengue, e tratar de informações sobre cuidados no consumo de água.

Com o tempo e conforme outras perguntas foram sendo feitas pelos usuários, o tipo de conhecimento presente no sistema do Dr Wilson foi sendo ampliado e hoje ele é capaz de responder a 33 mil diferentes questões, passando por temas como matemática e física, diz Mendes.

Para desenvolver o conhecimento do robô, dois profissionais da startup buscam especialistas para fornecer informações confiáveis voluntariamente, explica.

Mendes diz que um fato que impulsionou o uso do Dr. Wilson foi o ciclone Idai, que atingiu Moçambique no final de março e deixou mais de 1.000 mortos.

“No pior dia da tragédia, a gente começou a receber muitas perguntas sobre buscas de abrigo, onde encontrar água, alimentos.”

Mendes explica que, apesar de não serem questões que o sistema estivesse pronto para responder de imediato, o Dr Wilson pode mapear de onde vinham os pedidos e, com isso, indicar para organizações locais regiões que precisavam de assistência.

“Isso permitiu organizar mutirões de salva-vidas, construção de abrigos e arrecadação de mantimentos”, conta.

De todas as interações feitas no mundo a partir do sistema, 40% foram no Brasil, 35% em Moçambique, 18% em Angola, 5% no Cabo Verde e 2% nos Estados Unidos.

A divulgação do Dr Wilson acontece por SMS. A startup fecha parcerias com operadoras de telefonia de cada país em que atua para que sejam feitos disparos em massa convidando as pessoas a experimentar o serviço, gratuito.

A ideia para a iniciativa surgiu de interações de Mendes, que já tinha projetos sociais relacionados à África, com outras empresas de tecnologia presentes noInovaBra Habitat, prédio do Bradesco dedicado a escritórios de startups e departamentos de inovação

O projeto não tem fins lucrativos e hoje é a principal atividade de Mendes, conta o empresário.